terça-feira, 7 de outubro de 2014

























Porque trouxeste as horas já vividas
Para, neste momento, recordar?
Porque notaste as lágrimas caídas,
Que jamais tornaremos a chorar?

A vida não tem páginas relidas,
Tudo nela é constante renovar,
E nós somos as folhas ressequidas

Dum poema que o Outono vai rasgar...

Maria de Santa Isabel 
















Rompida de brechas, carcomida
por anos sem conta de luta no mar,
a velha canoa dos pescadores
foi arrastada para a planície,
foi exilada em terra firme,
longe do mar.

Mas veio o crepúsculo, e pôs distâncias no horizonte.

E a planície fremiu ansiadamente ...

... como se tivesse vontade de ser água
para a canoa navegar ... 


Tasso da Silveira

in Poemas

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Vento

                    














  Vem, Vento Varre

Vem vento, varre
Sonhos e mortos.
Vem vento, varre
Medos e culpas.
Quer seja dia,
Quer faça treva,
Varre sem pena,
Leva adiante
Paz e sossego,
Leva contigo
Noturnas preces,
Presságios fúnebres,
Pávidos rostos
Só cobardia.

Que fique apenas
Ereto e duro
O tronco estreme
De raiz funda.
Leva a doçura,
Se for preciso:
Ao canto fundo
Basta o que basta.
Vem vento, varre!

Adolfo Casais Monteiro